Inês Tomé
Se se questionam se ser cientista é passar os dias a uma bancada de laboratório, com experiências repetitivas, sem contacto com o mundo lá fora, queiram excluir desde já essa ideia! A verdade é que os trabalhos na ciência são diversos e os dias de um investigador nunca são os mesmos; se num dia trabalhamos na bancada a conduzir uma experiência prática, no dia seguinte o trabalho poderá passar por analisar a informação recolhida ou até escrever um artigo. O que os cientistas têm em comum é a vontade de contínua aprendizagem e de superação de desafios. Seja de Farmácia, Biologia ou Bioquímica, qualquer investigador terá de aprender vários domínios científicos, destacando-se a matemática, física ou informática. Nem todos partimos da mesma origem, mas certamente iremos chegar ao mesmo lugar se trabalharmos com afinco.
A maioria dos cientistas passa muito tempo a ler e a escrever, seja para a produção de artigos ou apresentações, bem como para garantir o financiamento de bolsas. O trabalho no laboratório requer muita concentração e, por vezes, disponibilidade pós-laboral, pelo que a organização e resiliência são critérios fundamentais. Para o desenvolvimento dos meus projetos científicos, o trabalho laboratorial exige a realização de técnicas in vitro (cultura de células, qRT-PCR, citometria de fluxo, isolamento de células a partir do cordão umbilical, entre outros) e in vivo (ex.: administração de fármacos a animais). Além de estar inserida na área da biologia celular e molecular, os meus interesses passam também pela biotecnologia, no desenvolvimento de fármacos encapsulados em nanopartículas como terapias anti-envelhecimento. Uma dura realidade é do sistema de bolsas que o nosso país financia, o que nos torna uma classe com um vínculo muito precário. Mas não se deixem desanimar! É realmente excitante quando uma hipótese científica é confirmada (ou excluída), pelo que todo o trabalho que tiveram ao longo de anos recompensou. Ser cientista é ser curioso, nunca estar satisfeito com a realidade e querer descobrir o desconhecido (e se há tanto para descobrir!).